segunda-feira, outubro 16, 2006

SANTA INGENUIDADE!

Na época das eleições, alguém no orkut mandou "scraps" pra todo mundo, com o nome de "Marcel Muscat", canditato a deputado estadual.
Agora surgem mensagens de que essa pessoa ainda não recebeu pelo serviço. E o sujeito convoca as pessoas a cobrarem de Marcel Muscat uma conduta ética, inclusive no sentido de pagar o dedicado cabo eleitoral. É mole?
Marcel Muscat: Regis, DESCULPA O INCOMODO, MAIS FIZ O ENVIO DE SCREPS DESSE CANDIDATO , O SENHOR MARCEL MUSCAT, PELO ORKUT, E ATÉ O MOMENTO NAO RECEBI, PEÇO PARA AS PESSOAS QUE VOTARAM NELE, COBRAREM UMA POSTURA DE ÉTICA E COMPROMISSO DE SUA PARTE,O DISCASO COM MINHA PESSOA É TOTAL.

sexta-feira, setembro 15, 2006

MARCOLA, ALCKMIN E MENTIRAS

Dias atrás a televisão mostrou um trecho do interrogatório judicial de Marcola, acusado de ser líder do PCC. Conforme determina a lei, depois que o juiz faz ao acusado todas as perguntas que entender necessárias, deve indagá-lo se tem algo mais a acrescentar em sua defesa. Foi, então, que Marcola afirmou serem injustas as acusações que lhe vinham sendo feitas ultimamente; que ele nada tinha a ver com os ataques do PCC e que essas imputações estavam dificultando muito sua situação, impossibilitando sua defesa. Será que ele mentiu? Hipótese 1: Sim. Nos últimos tempos a imprensa geral tem noticiado diariamente a ocorrência de ataques terroristas, crimes que não demonstram nenhuma vantagem aparente, a não ser a de causar pânico, intimidação, retaliação. A intenção parece ser a de desafiar o Estado, exclusivamente. Em alguns deles, seus autores deixam mensagens tipo “Pelo fim da opressão nos presídios” e coisas outras que indicam ligação dos atos a ações do PCC. Nesse caso, há motivos para se acreditar que os ataques são obra do PCC e, sendo Marcola seu líder, haveria de ser tido como autor de cada um deles. Hipótese 2: Marcola falou a verdade. O grande grau de coordenação nos ataques (ações feitas ao mesmo tempo, com idênticas características, contra alvos semelhantes, etc) está entre os maiores indícios de que os envolvidos recebem instruções de um núcleo centralizado de comando e o PCC é sempre apontado como tal. Entretanto, essa onda de ataques gera um ambiente muito favorável a pessoas e grupos agirem “de carona” com base em motivos diversos. Por exemplo, algumas Prefeituras de São Paulo foram objeto de atentados (Miguelópolis entre elas). Ora, são órgãos do Governo Estadual os verdadeiros alvos estratégicos, principalmente os ligados à Segurança Pública (Penitenciárias, Fóruns, Ministério Público, etc). Ataques ao Governo Municipal são totalmente atípicos, sinal de estarem desvinculados ao PCC. Por outro lado, o último Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é candidato à Presidência da República; logo, se os atentados desmoralizam São Paulo, desmoralizam que o comandou nos últimos anos. Isso é conveniente para os demais candidatos. Aqui estão, então, bons motivos para se acreditar que Marcola não é o mentor de todos os ataques. O líder de uma grande instituição, seja ela uma empresa ou uma quadrilha, não pode ser pessoa tola ou ingênua. Diante de tudo o que nos é informado, Marcola sabe o quanto é difícil acreditar nessa sua tal inocência. Ainda assim, ele alegou, talvez animado por motivos que escapem às inteligências comuns dos mortais; talvez, pela mais surpreendente crença na imparcialidade, boa-fé, ou seja lá o que passe no espírito da população. Talvez, enfim, seja só uma questão processual. A verdade é um mistério. Porém, o grande mistério parece estar na mente de Geraldo Alckmin. É simplesmente incrível o modo como ele se faz alheio a toda essa questão, dando declarações de como São Paulo vem agindo e reagindo com relação ao episódio; é como se ele nunca tivesse participado do Governo do Estado (São Paulo errou aqui, São Paulo acertou ali, se fosse eu...). Entretanto, a Segurança Pública também falhou e foi uma falha grave. Basta ver que o crime está sendo comandado de dentro dos presídios. Ora, Segurança Pública, pelas regras da Constituição Federal, é competência do Estado; a União e os Municípios podem oferecer ajuda, mas a decisão é do Estado e quem foi governador nos últimos períodos foi Alckmin. É de um extremo cinismo ele agora vir com essa de “não tenho nem nunca tive nada a ver com isso”. A grande pérola ele soltou dias atrás ao dizer “se eu for eleito Presidente não vai ter essa moleza não”. Mente duas vezes: primeira, porque, como já dito, o Governo Federal não pode cuidar da Segurança Pública, que é atribuição do Estado. Segunda, por que ao tempo em que foi governador e teve oportunidade de cuidar do problema a coisa chegou a uma situação que agora ele mesmo critica. O político tem um compromisso com toda a população; o bandido, com ninguém. Logo, a mentira de Alckmin é pior, pois importa uma traição, enquanto a de Marcola decorre da própria natureza das coisas.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Mostra de Cinema Paulista no Interior do Estado Ribeirão Preto

  • Projeto 108 Dias de Cinema Paulista
Sessões gratuitas e abertas a toda população Organização: Cineclube Cauim
  • Programação: Sexta-feira (04/08), às 20 horas
  • Lançamento da Mostra Apresentação da Banda Cauim - Filme: HOMEM VOA – (direção André Ristum) documentário sobre a vida de Santos Dumont, produzido pelo Núcleo de Cinema de Ribeirão Preto; - Apresentação da programação das primeiras duas semanas de exibição da mostra. - Exibição de obras de Cineastas Paulistas
  • A mostra terá sua programação divulgada a cada duas semanas, visando aproveitar a vinda na cidade de atores, diretores, produtores e autores (acompanhe neste blog).
  • O Projeto trará para o público de Ribeirão Preto e região 50 longas metragens e 100 curtas de cineastas paulistas. Estarão presentes os principais cineastas, atores e produtores de São Paulo, realizando debates e discussões. O primeiro grande debate programado para o evento será nos dias 15, 16 e 17 de setembro, quando estarão em Ribeirão Preto mais de 30 cineastas e produtores de cinema, discutindo a produção cinematográfica e a nova Lei de Incentivo à Cultura Estadual, baseada na renúncia fiscal do ICMS.
  • Esta mostra comemora os 150 anos de Ribeirão Preto e os 20 anos de utilidade pública do Cineclube Cauim.
  • Cineclube Cauim: Rua São Sebastião, 920
  • fone: 3941-5025 – www.cineclubecauim.com.br
  • quinta-feira, julho 27, 2006

    1° CInE VÍdeO feStiVAL eM BRodoWsKI

    De 22 a 30 de julho, sempre às 20h, no Clube Atlético Bandeirante de Brodowski

    Categorias curta, média e longa-metragem, segundos e documentários. Obras produzidas na cidade e em todo o Brasil.

    Entrada gratuita (e com pipoca!)

    Informações: (16) 3664.1246

    • Programação

    • Sábado (22/07)Longa: O Castigo Curta: “Outdoors” Segundos: Encruzilhada Documentário: Imaginário Portinari

    • Domingo (23/07) Longa: A Represa Curtas: “Café”; “Meu Herói” Segundos

    • Segunda (24/07) Longa: Um homem chamado Joaquim Mentira Curta: Cana Segundos

    • Terça (25/07) Longa: Uma criada atrapalhada Documentário: 150 anos de Ribeirão Preto

    • Quarta (26/07) Longa: Confissão Tardia Curta: Cana Segundos

    • Quinta (27/07) Longa: Dioguinho Curta: Café Segundos

    • Sexta (28/07) Longa: Boiada Perdida Documentário: 150 anos de Ribeirão Preto Curtas Segundos

    • Sábado ( 29/07) Longa: A mão do destino Documentário: Imaginário Portinari Curtas Segundos

    • Domingo (30/07) Encerramento Entrega de troféu Reapresentação dos vencedores

    POp RocK da ALemAnha (em aLemãO!)

    Mesmo quem não gosta de rock já escutou pelo menos uma música de bandas alemãs deste gênero. Kraftwerk e Scorpions são sempre os exemplos lembrados; só que eles cantam em inglês. Para quem quiser conferir um pouco de new wave cantado em alemão, eu indico este disco, que pode ser ouvido pelo link abaixo. http://musica.busca.uol.com.br/radio/index.php?busca=War+Die+Neue+Deutsche+Welle+¶m1=homebusca&check=disco

    terça-feira, julho 25, 2006

    O grande título de Homero Fausto

    O doutor Homero Fausto, ou simplesmente Homero Fausto, como a sobriedade de sua personalidade o condicionava a atuo-denominar-se, era o integrante da mesa que faltava ser apresentado e convidado a ocupar sua respectiva cadeira. Com a tranquilidade comum àquele que está para realizar a mais prosaica das atividades, como tomar um copo d’água, aguardava o anúncio com um enigmãtico sorriso; uma verdadeira Mona Lisa, dir-se-ia.
    Alma boa por natureza, acreditava, no entanto, que a perfeição constituía característica estranha à espécie humana e, assim, entendia-se digno de uma existência sem culpa apesar de alguns defeitos que o inquinavam. Eis a justificativa ética para cultivar uma faceta sarcástica em seu caráter por todos reconhecido como respeitoso e sincero. Mais importante que isso, entendia prescindível indigitada justificativa, porquanto não tinha o sarcasmo na conta dos defeitos, não ao menos essencialmente. Na verdade, acreditava numa tal “função social” do sarcasmo, pois apostava neste como elemento refutador de afirmações duvidosas. Imperativo de sua eqüidade, fazia rotina, da mesma forma, o auto-sarcasmo, sempre que se flagrava em erro.
    Homero Fausto era partidário da academia; respeitava-a e reconhecia-lhe crédito. No entanto, em enésimas ocasiões decepcionara-se com a pobreza de espírito proveniente de nomes precedidos por títulos de mestre, doutor, além de outros. A reiteração de referidos episódios levara-o a realizar uma análise mais acurada das fontes onde buscava conhecimento, de modo que para ele, um título deixara de indicar a garantia de qualidade para apenas representar mero indício desta. É claro que, como qualquer outro sistema, a academia era passível de falhas. Porém, não era isto que o levava a recusar este caminho. Sua aversão não tinha cunho ontológico ou conceitual; decorria, isso sim, era da inversão de valores que seus dias o faziam testemunhar, em que a generalização do vício transformou em regra o fato de o corpo docente de uma faculdade ser escolhido pela simples e mecânica contagem de certificados ao invés de uma criteriosa averiguação de conteúdo e capacidade didática.
    Evidentemente, se a aversão que Homero Fausto nutria em relação à academia decorria só de distorções extrínsecas, havia como sentar-se naqueles bancos sem ser atingido pelo que ali havia de mal. Aliás, este constituía o caminho mais curto para tornar-se professor, seu eterno desejo. Entretanto, optara por não fazê-lo e isto por alguns motivos muito precisos. Em primeiro lugar, o conhecimento que ali obteria também poderia haurir com o auto-didatismo até então responsável por sua formação, ainda que tal significasse o dispêndio de mais esforço e tempo. Dessa forma, concluia que a academia era importante, mas não indispensável.
    Corolário disso – e por uma questão de coerência -, considerava possível reunir cabedal suficiente para ser professor apenas com seus estudos particulares e, sendo assim, se algum corpo docente estivesse realmente interessado em sua capacidade, que é o que interessa (ou deveria interessar), aceitá-lo-ia, a despeito de não ser um mestre ou doutor. Não queria sufragar um sistema que considerava capenga. “Este que mude!”, costumava ponderar. Este era o seu segundo motivo.
    Por fim, a despeito de ser seguidor de Kant, da Lógica e do pensamento a priori, e ainda, conquanto acreditar que o Direito é eminentemente teórico, tinha a convicção de que a experiência da advocacia tinha muito a acrescentar na formação dos novos pensadores que deveriam ser criados pela faculdade. Afinal, no dia-a-dia do fórum era por meio de advogados que o povo e seu respectivo mundo entrava na pauta do poder. Se o Direito instituía o poder para transformar a realidade do povo, então, aqui estava o seu momento alto, ao qual ninguém tinha contato comparável ao experimentado pelo advogado. “Se a academia soubesse disso”, pensava ele.
    Claro que era suficientemente lúcido para perceber a inocuidade de sua conduta. Sabia que por aí perguntariam: “Quem é Homero Fausto para questionar o sistema? Se pelo menos fosse um mestre.”
    Toda essa divagação durou apenas alguns segundos e dela a consciência o trouxe de volta ao auditório em que aquele congresso estava por se iniciar. Ele olhou ao redor e constatou a lotação de público, deduzindo disso que, em termos numéricos, o evento já era um sucesso, motivo de pronto regozijo para os integrantes da mesa. Então, lembrou-se de que cada um destes havia sido avaliado um dia, quando da obtenção de seus títulos. E lembrou-se de que naquela noite a platéia constituiria um novo juri, em cujo veredicto inexistiam o favoritismo, a condescendência, ou qualquer outro tipo de equívoco que ele sempre encontrou presente na academia hodierna. Ou o público encontrava conteúdo no que ouvia ou, então, o que se veria seriam bocejos e pessoas se retirando antes do fim, atos inequívocos de quem se rende ao enfado ou ao desejo de protestar. Para este juri os títulos nada valem.
    Antes de ser chamado à mesa, houve tempo de Homero Fausto entregar-se a um último pensamento. É que não foram poucas as ocasiões em que, uma vez no púlpito, a platéia já era de número inferior àquele do começo do evento, quando da palavra de seus antecessores. E isso o levava a crer que por duas vezes, por duas formas diversas, o mundo tentava dar-lhe motivos para supor-se de valor inferior àquele que imaginava ter. Primeiro, quando insistia em valorar um pensador segundo seus títulos, os quais ele se recusava a ter; segundo, deixando de ouvir o que ele se propunha a dizer.
    Sabia que tinha algo a expor e de quanto estudo e trabalho dedicara por esse algo. Sabia, também, que suas palavras eram compreendidas, pois havia sempre os que se propunham a combatê-lo. Assim, não por falha de conteúdo, tampouco da retórica, mas não poucas vezes encontrara menos ouvintes que os colegas titulados. Logo, não estava errado; a comunidade é que não pensava como ele. Mas isso não lhe era motivo de desânimo. É nessas horas que recobrava o exemplo dado por Sócrates, de um comandante que em seu navio, odiado por ser rigoroso e severo, foi subjugado pela tripulação. Uma vez “livre”, esta passou a conduzir a embarcação segundo o critério exclusivo da vontade, a qual deixara de se submeter aos sacrifícios impostos pela razão, para dar asas ao prazer, situação que se manteve até o previsível e inevitável naufrágio.
    Assim, ele mantinha-se vigilante a fim de impedir que na embarcação que era seu espírito nenhum golpe conduzido pelo ego ou pelo sectarismo retirassem a consciência do posto que lhe cabia, o de comando. Esta era a razão que o fazia permanecer. Desde muito cedo aprendera que o verdadeiro mundo é o da consciência, e por isso, ninguém podia aferir-lhe ou certificar-lhe o valor.
    Homero Fausto ouvira muitas vezes o quanto é árduo o caminho daquele que busca ser um mestre, um doutor. Mas só ele sabia o quão mais exigente era a caminhada de quem, nesses dias de “credencialismo”, um dia assumira a missão de demonstrar que o conhecimento não fica num pergaminho pendurado numa parede de escritório; ele acompanha a alma.
    Então, ouviu-se a apresentação: Homero Fausto, sucedido de seu único título: advogado. E como esperava, o anúncio de seu nome, tão carente dos formais atestados, deu ensejo a uma cena que já lhe era conhecida; o despertar de olhares inconformados em que o corporativismo fazia de cada face uma voz da uníssona, acusadora e retórica indagação: Sem títulos?! Como?!
    “Sim, sem títulos”, com grande satisfação ele respondia mentalmente para si mesmo. Quando tudo ao redor dele os exigia, em sua solidão ele sentia-se realizado por ser o patrono da causa que a consciência lhe confiara, a de demonstar que sua grandeza vinha de dentro e não era fruto do reconhecimento alheio. A tranqüilidade que o envolvia naquele momento, em contraste com a patente irresignação dos demais, era a prova de mais um dia de vitória em sua luta. Daí o enigmático sorriso sarcástico.