sexta-feira, abril 20, 2012

Palmadas

A matéria abaixo me fez lembrar das críticas dirigidas à chamada Lei da Palmada (Projeto de Lei 7672/10), que se destina a mudar o Estatuto da Criança e do Adolescente, a fim de garantir educação sem uso de agressões e humilhações. Quando criança e adolescente, conheci pessoas da minha faixa etária que apanhavam e outras que eram educadas sem agressões. Alguns não chegaram à minha idade, outros seguiram caminhos ruinosos e há aqueles que se tornaram adultos de bem, uns de muito sucesso outros nem tanto assim. Em cada um desses grupos há os que foram agredidos pelos pais e os que tiveram uma educação mais sensata. Ou seja, a violência não é ingrediente para a formação de pessoas boas e se trouxe algo à minha geração foi apenas mais uma dificuldade na vida, hoje tratada em consultórios de terapia, grupos de apoio, comunidades religiosas, etc. Ou extravasada em atos como o do vídeo.

Além disso, trabalhei na área da saúde e da justiça (Ministério Público e Fundação Casa) e constatei casos absurdos de violência doméstica praticada por pais contra filhos. Para se ter uma ideia, a quase totalidade de abusos sexuais de que tomei conhecimento foram praticados nesse contexto.

Na minha opinião, a proibição pretendida já existe, pois, se um adulto dá um tapa em outro adulto, comete, conforme o caso, crime de lesão corporal, vias de fato, injúria real ou rixa (depende da situação). E isso vale mesmo que a vítima seja menor de idade, mesmo que seja filho(a) do agressor, pois a lei atual protege a todos e não faz distinção entre idades e laços de parentesco. É a própria cultura da violência, que acha normal e saudável bater, que tem impedido a aplicação da lei. Além do mais, o empregador pode advertir, suspender ou mesmo demitir seu funcionário. Mas você aceitaria receber um tapa de seu chefe por ter chegado atrasado, errado alguma tarefa ou por ter discutido em ambiente de trabalho? Se nós, adultos, cometemos erros mas não aceitamos esse tratamento, por que destiná-los aos menores, que estão em fase de formação de sua personalidade?

Sinceramente, eu não vi o vídeo, porque não suporto esse tipo de cena. Porém, para reafirmar o apoio que sempre depositei no Projeto, bastam-me as palavras do pai, ora agressor :"Foi um ato de fraqueza. Essa foi a primeira vez que bati nela DAQUELE JEITO, eu ACHEI QUE ESTAVA EDUCANDO ao bater". Um trecho desse depoimento revela um interessante aspecto do Projeto de Lei, qual seja, o de que ele protege não só os filhos, mas também os pais e a própria família: "só sei chorar e pedir perdão".

Na sequência da matéria, coloquei o texto do Projeto de Lei.


Régis Bencsik Montero

Pai flagrado ao agredir filha admite que cometeu uma ‘atrocidade’

Fonte: Yahoo Notícias (http://br.noticias.yahoo.com/pai-foi-flagrado-agredir-filha-admite-cometeu-atrocidade.html)

O auxiliar de pedreiro Alessandro dos Santos Borges, 29, flagrado ao espancar a filha de 9 anos em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, admitiu que cometeu uma “atrocidade” durante entrevista concedida ao MSTV. “, eu acabei cometendo essa atrocidade contra minha filha, tenho um profundo arrependimento, eu só sei chorar e pedir perdão”, disse.

Um vizinho de Alessandro filmou a agressão e denunciou Alessandro à Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (DEPCA). Vizinhos e conhecidos foram ouvidos e confirmaram as agressões aos agentes policiais, que acabaram detendo o pai da menina agredida. "Como os vizinhos contaram que a agressão teria acontecido há poucas horas, a prisão foi feita em flagrante", informou a delegada Regina Márcia Rodrigues. Em depoimento a menina teria dito que mais cedo, no mesmo dia, a madrasta também a teria agredido.

O pai da garota foi detido na terça-feira (17) e liberado no mesmo dia, depois de habeas-corpus. Alessandro e a madrasta da menina, 30, foram indiciados por lesão corporal dolosa e violência doméstica. Ele disse à polícia que estava nervosoporque a filha estragou a pintura da geladeira da casa onde moravam.

“Sempre gritei muito e, como o tom da minha voz altera sempre, os vizinhos achavam que batia nela sempre. Essa foi a primeira vez que bati nela daquele jeito, eu achei que estava educando ao bater. Em outras vezes, eu colocava ela de castigo, ela ia para o quarto e ficava lendo, mas eu não batia”, afirmou Alessandro durante o programa jornalístico.

O auxiliar de pedreiro também disse que não se reconhecia no vídeo. “A partir de tudo o que aconteceu, hoje eu sou uma pessoa melhor, eu mudei. Foi uma coisa de momento que eu não consigo nem explicar. Sei que eu não devia ter feito”.

A criança está provisoriamente com a avó paterna, que já protocolou o pedido de guarda provisória, e  pai está proibido de manter contato com ela. Caso ele desrespeite a distância mínima em relação à menina – 300 metros – poderá ser detido novamente.

A mãe biológica também está reunindo documentos para fazer a mesma solicitação da avó paterna.










PROJETO DE LEI 7672/10

Altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990,
que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente, para estabelecer o direito da
criança e do adolescente de serem educados e
cuidados sem o uso de castigos corporais ou de
tratamento cruel ou degradante.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1o A Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, passa a vigorar acrescida dos
seguintes artigos:

“Art. 17-A. A criança e o adolescente têm o direito de serem educados e cuidados pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar, tratar, educar ou vigiar, sem o uso de castigo corporal ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação, ou qualquer outro pretexto.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-se:
I - castigo corporal: ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso da força física que resulte em dor ou lesão à criança ou adolescente.
II - tratamento cruel ou degradante: conduta que humilhe, ameace gravemente ou ridicularize a criança ou o adolescente.

Art. 17-B. Os pais, integrantes da família ampliada, responsáveis ou qualquer outra pessoa encarregada de cuidar, tratar, educar ou vigiar  crianças e adolescentes que utilizarem castigo corporal ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação, ou a qualquer outro pretexto estarão sujeitos às medidas previstas no art. 129, incisos I, III, IV, VI e VII, desta Lei, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.” (NR)
“Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios atuarão de forma articulada na elaboração de políticas públicas e execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo corporal ou de tratamento cruel ou degradante, tendo como principais ações:
I - a promoção e a realização de campanhas educativas e a divulgação desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos;
II - a inclusão nos currículos escolares, em todos os níveis de ensino, de conteúdos relativos aos direitos humanos e prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente;
III - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública, do Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente nos Estados, Distrito Federal e nos Municípios, Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, e entidades não governamentais;
IV - a formação continuada dos profissionais que atuem na promoção dos direitos de
crianças e adolescentes; e
V - o apoio e incentivo às práticas de resolução pacífica de conflitos que envolvam violência contra criança e adolescente.” (NR)

Art. 2o O art. 130 da Lei no 8.069, de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo:
“Parágrafo único. A medida cautelar prevista no caput poderá ser aplicada ainda no caso de descumprimento reiterado das medidas impostas nos termos do art. 17-B.” (NR)
Art. 3o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília,

quinta-feira, março 08, 2012

Dia Internacional da Mulher 2012



É difícil acreditar que a vida existirá por muito tempo se não nos curvarmos à Ecologia. Há alguns anos, li 'A Teia da Vida', de Fritjof Capra, e me lembro de um trecho onde ele afirma a relação existente entre Ecologia e Feminismo, no sentido de que a primeira não existirá plenamente sem que o segundo se estabeleça de forma completa.

Vejo a Ecologia como um movimento de resgate de algo que as civilizações foram deixando para trás, ao fundarem suas bases preterindo as necessidades do meio ambiente do qual são mera parte. É (e precisa ser) de resgate hoje porque no passado não foi cultivado pelos humanos como conservação ou orientação na corrida que nos trouxe até aqui. Da mesma forma, acredito que o Feminismo seria desnecessário se homens e mulheres tivessem caminhado de mãos dadas, com solidariedade e companheirismo. Mas, ao contrário, a história da Humanidade é também a história da subjugação das mulheres.

Se a salvação do planeta (Ecologia) passa pela valorização da mulher (Feminismo), isso me faz crer que existe alguma coisa nesta vida que somente elas possuem. A primeira conclusão decorrente dessa crença é o convencimento de que o bem-estar e felicidade da raça humana são dependentes delas e o quanto lhes devemos gratidão e consideração por isso. A segunda é uma inevitável pergunta: o que seria a tal coisa?

Recordo-me, agora, de ter ouvido na faculdade o professor de Medicina Legal dizer 'beleza não existe'. Queria ele explicar que esse atributo não é algo com existência própria, inerente, de forma que possa ser meramente reconhecida quando encontrada. Ao contrário, a beleza seria coisa cultural, uma criação, um consenso. Até agora, não sei se concordo com ele. Sei apenas que, naquela ocasião, Daniela Cicarelli era 'a mulher do momento' e hoje...

Reportei-me ao 'causo' do professor porque beleza, não adianta ser hipócrita, é um dos atributos que impulsionam nossos esforços. Homens gostam de mulheres bonitas e vice-versa. Machos e fêmeas são seres igualmente seduzíveis entre todas as espécies. Não vejo problema nisso. A questão é: se o conceito de beleza é meramente um acordo, porque não chamamos as mulheres à mesa de negociações? Por que não criamos padrões que realizem uns e outros? Porque, ao invés de nos libertarmos e buscarmos a felicidade, insistimos em nos aprisionarmos em cores, formas, pesos, medidas, moralismos, etc? Por que, finalmente, os homens insistem em, eles sozinhos, definir o que é um homem e o que é uma mulher?

Uma das frentes assumidas pelo Feminismo é justamente essa, recusar os padrões criados unilateralmente por homens e inserir em seu lugar os que foram criados com a participação das mulheres. E aqui chega-se a um ponto que constitui uma das coisas mais dramáticas que já vi (e que explica porque elegi a questão estética para falar do Dia da Mulher). Enquanto o machismo imperar, enquanto não for substituído pelos postulados feministas, continuaremos pensando, sentindo e agindo bom base em seus padrões, inclusive para sabermos o que é homem, mulher e beleza. Se o primeiro estágio da luta feminista realmente é a insubmissão ao machismo, haverá um momento em que elas contrariarão a única referência vigente, ou seja, segundo os padrões machistas elas não serão belas e nem mesmo serão mulheres!

Esse foi o entendimento que tive ao ler na internet a seguinte frase, postada por uma amiga (http://espiritualismofeminista.blogspot.com/) que é a maior feminista que conheço: como ser feminista sem deixar de ser feminina?

Por estes e por muitos outros motivos é que festejo o Dia Internacional da Mulher. A todas as mulheres, minha solidariedade, gratidão e amor.

sábado, janeiro 28, 2012

Pinguim

Pinguim, a choperia mais famosa do mundo. Esta é a mais antiga das três unidades, todas em Ribeirão Preto. Nos pavimentos acima do solo ficam salões de eventos. No Natal, corais se apresentam nas janelas. À direita, o Teatro Pedro II. Tudo parte do chamado Quarteirão Paulista.

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Moção de Repúdio dos Trabalhadores da Cultura à Política do Coturno em Pinheirinho


O filme Trabalhar Cansa, dos diretores Juliana Rojas e Marco Dutra, conquistou o Prêmio Governador do Estado para Cultura 2011, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, na categoria Cinema.

Na cerimônio de entrega do Prêmio, a dupla teve a oportunidade de fazer uso da palavra e, ao invés de falar sobre o filme, Juliana leu a 'Moção de Repúdio dos Trabalhadores da Cultura à Política do Coturno em Pinheirinho', o que foi feito diante de várias autoridades que participam do governo responsável pelo Massacre de Pinheirinho. 

Meus parabéns aos diretores e minha solidariedade ao povo de Pinheirinho e a todos os outros que, como eles, recebem o coturno como única política pública.

Ricardo Boechat comenta o Massacre de Pinheirinho


domingo, janeiro 15, 2012

I've been loosing you

A única música legal que o A-HA fez é Take on me. Mas eu tenho o estranho hábito de sempre gostar de músicas chatas...

quinta-feira, janeiro 12, 2012

1991


1991 foi o ano em que comecei a tocar violão. Eu estava na sétima série da Escola Raul Peixoto, de Ribeirão Preto/SP, e haveria um evento ali, gincana ou sei lá o quê, no qual os alunos fariam algumas apresentações (dança, teatro, jogral, etc). Como eu, outros estudantes também estavam aprendendo música e foi aí que começou surgir a idéia daquilo que viria a ser a minha primeira apresentação como roqueiro. Parte de mim era entusiasmo mas outra parte dizia não, pois as músicas das quais eu gostava eram tocadas em guitarras, por bandas completas. Então, resolvi não me apresentar. Só que, à essa altura, a coisa já havia se espalhado e muita gente queria que houvesse o momento musical. Alunos, professoras e até a diretora da escola fizeram um lobby. Mas o que me fez mesmo 'subir no palco' foram as palavras que a professora de Ciências, a Maria Lúcia, uma das mais legais que aquele colégio teve em toda sua existência, disse para mim, 'em off'. Foi uma conversa muito breve, da qual eu lembro apenas uma frase, que constituiu o golpe derradeiro à minha argumentação técnico-musical. Ela disse 'vai lá, vai ser muito legal. As menininhas vão estar todas te olhando!' Eita mulher que entende de rock... Eu toquei 'Piano Bar', dos Engenheiros do Hawaii, recém-lançada e então sucesso nas FM's.


quinta-feira, janeiro 05, 2012

Pão, circo e... porrada!

Baixe o Adobe Flash Player

Imagens da política social de Darcy Vera (PSD - Ribeirão Preto), a prefeita eleita pelos votos conquistados com distribuição de sopa e outros artigos populistas. Agora, a especulação imobiliária é o banquete e a sopa foi substituída pela porrada.