quinta-feira, março 08, 2012

Dia Internacional da Mulher 2012



É difícil acreditar que a vida existirá por muito tempo se não nos curvarmos à Ecologia. Há alguns anos, li 'A Teia da Vida', de Fritjof Capra, e me lembro de um trecho onde ele afirma a relação existente entre Ecologia e Feminismo, no sentido de que a primeira não existirá plenamente sem que o segundo se estabeleça de forma completa.

Vejo a Ecologia como um movimento de resgate de algo que as civilizações foram deixando para trás, ao fundarem suas bases preterindo as necessidades do meio ambiente do qual são mera parte. É (e precisa ser) de resgate hoje porque no passado não foi cultivado pelos humanos como conservação ou orientação na corrida que nos trouxe até aqui. Da mesma forma, acredito que o Feminismo seria desnecessário se homens e mulheres tivessem caminhado de mãos dadas, com solidariedade e companheirismo. Mas, ao contrário, a história da Humanidade é também a história da subjugação das mulheres.

Se a salvação do planeta (Ecologia) passa pela valorização da mulher (Feminismo), isso me faz crer que existe alguma coisa nesta vida que somente elas possuem. A primeira conclusão decorrente dessa crença é o convencimento de que o bem-estar e felicidade da raça humana são dependentes delas e o quanto lhes devemos gratidão e consideração por isso. A segunda é uma inevitável pergunta: o que seria a tal coisa?

Recordo-me, agora, de ter ouvido na faculdade o professor de Medicina Legal dizer 'beleza não existe'. Queria ele explicar que esse atributo não é algo com existência própria, inerente, de forma que possa ser meramente reconhecida quando encontrada. Ao contrário, a beleza seria coisa cultural, uma criação, um consenso. Até agora, não sei se concordo com ele. Sei apenas que, naquela ocasião, Daniela Cicarelli era 'a mulher do momento' e hoje...

Reportei-me ao 'causo' do professor porque beleza, não adianta ser hipócrita, é um dos atributos que impulsionam nossos esforços. Homens gostam de mulheres bonitas e vice-versa. Machos e fêmeas são seres igualmente seduzíveis entre todas as espécies. Não vejo problema nisso. A questão é: se o conceito de beleza é meramente um acordo, porque não chamamos as mulheres à mesa de negociações? Por que não criamos padrões que realizem uns e outros? Porque, ao invés de nos libertarmos e buscarmos a felicidade, insistimos em nos aprisionarmos em cores, formas, pesos, medidas, moralismos, etc? Por que, finalmente, os homens insistem em, eles sozinhos, definir o que é um homem e o que é uma mulher?

Uma das frentes assumidas pelo Feminismo é justamente essa, recusar os padrões criados unilateralmente por homens e inserir em seu lugar os que foram criados com a participação das mulheres. E aqui chega-se a um ponto que constitui uma das coisas mais dramáticas que já vi (e que explica porque elegi a questão estética para falar do Dia da Mulher). Enquanto o machismo imperar, enquanto não for substituído pelos postulados feministas, continuaremos pensando, sentindo e agindo bom base em seus padrões, inclusive para sabermos o que é homem, mulher e beleza. Se o primeiro estágio da luta feminista realmente é a insubmissão ao machismo, haverá um momento em que elas contrariarão a única referência vigente, ou seja, segundo os padrões machistas elas não serão belas e nem mesmo serão mulheres!

Esse foi o entendimento que tive ao ler na internet a seguinte frase, postada por uma amiga (http://espiritualismofeminista.blogspot.com/) que é a maior feminista que conheço: como ser feminista sem deixar de ser feminina?

Por estes e por muitos outros motivos é que festejo o Dia Internacional da Mulher. A todas as mulheres, minha solidariedade, gratidão e amor.